Procurando uma leitura leve para o feriado, achei na estante, o ótimo livro do LFV, “Comédias para se ler na escola”.
Como sempre, dei muitas risadas ao reler os contos onde o autor brinca com as palavras e com o quotidiano.
Separei o texto abaixo, porque acho que todos que convivem com o meio náutico já viram alguém assim…
O JARGÃO – Luis Fernando Veríssimo
“Sou fascinado pela linguagem náutica, embora minha experiência no mar se resuma a algumas passagens em transatlânticos, onde a única linguagem técnica que você precisa saber é “a que horas servem o bufê?”. Nunca pisei num veleiro e se pisasse seria para dar vexame na primeira onda. Eu enjôo em escada rolante. Mas, na minha imaginação, sou um marinheiro de todos os calados. Senhor de ventos e de velas e, principalmente, dos especialíssimos nomes da equipagem.
Me imagino no leme do meu grande veleiro, dando ordens à tripulação:
– Recolher a traquineta!
– Largar a vela bimbão, não podemos perder esse Vizeu.
(O Vizeu é um vento que nasce na costa ocidental da África, faz a volta nas Malvinas e nos ataca a bombordo, cheirando a especiarias, carcaças de baleia e, estranhamente, a uma professora que eu tive, no primário.)
– Quebrar o lume da alcatra e baixar a falcatrua!
– Cuidado com a sanfona de Abelardo!
(A sanfona de Abelardo é um perigoso fenômeno que ocorre na vela parruda em certas condições atmosféricas e que, se não for contido a tempo, pode decapitar o piloto. Até hoje não encontraram a cabeça do comodoro Aberlado.)
– Cruzar a spínola! Domar a espátula! Montar a sirigaita! Tudo a macambúzio e dois quartos de trela, senão afundamos e o capitão é o primeiro a pular!
– Cortar o cabo de Eustáquio!”
SENSACIONAL!
Extremamente inteligente e de bom gosto!
Parabéns pela idéia e matéria!
Esse blog cativa pela qualidade!
Um grande abraço,
SI